Dados do Trabalho
Título
AUMENTO NA INCIDENCIA E LETALIDADE DE DOENÇAS CEREBROVASCULARES NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO BRASIL
Introdução
O acidente vascular encefálico (AVE) é um distúrbio caracterizado pela interrupção súbita do fluxo sanguíneo no encéfalo, gerando isquemia do tecido acometido e consequentemente, sintomas como cefaleia, paresia, parestesia, afasia, ataxia, e até rebaixamento do nível de consciência. Sua etiologia pode ser dividida em dois tipos: hemorrágico e, mais frequentemente, o isquêmico, e são acarretados por diversos fatores de risco como hipertensão, diabetes e dislipidemia, além de envolverem a aterosclerose de grandes artérias e fenômenos cardioembólicos. Sabe-se que a infecção viral pela COVID-19, de início em março de 2020 e pico no início de 2021 no país, foi associada a efeitos trombogênicos e ao favorecimento da formação de fenômenos vaso-oclusivos.
Objetivos
Investigar a correlação entre a incidência e letalidade do AVE no Brasil e o aumento do número de casos de COVID-19 no mesmo período.
Métodos
Trata-se de um estudo ecológico, onde foram colhidos os dados do sistema DATASUS/TabNet, no período de abril de 2017 a 2022, referentes à morbidade hospitalar de pacientes idosos por AVE (CID I64). Os dados referentes às notificações de COVID-19 foram coletados a partir dos informes disponibilizados pelo Ministério da Saúde na plataforma InfoMS. A análise dos dados foi feita de forma descritiva.
Resultados
Os dados analisados demonstram um aumento gradual do número de internações por AVE entre os anos de 2017 a 2022 (figura 1). Entre 2017 e 2019 houve um aumento de +6,5%. Esse valor, entre 2020 e 2022 quase triplicou (+18,43%). A taxa de letalidade pelo mesmo motivo também acompanhou essa tendência, com acréscimo de +4,5% de 2017 a 2019 e de +16,03% de 2020 a 2022. As taxas de incidência de COVID-19 (figura 2), iniciadas em 2020, sofreram um aumento importante entre os anos de 2020-2021 (+88.96%), atingindo seu pico em 2021, com posterior redução de 4.56% no intervalo 2021-2022.
Conclusões
Observa-se uma elevação importante na incidência e letalidade de AVE no Brasil entre os anos de 2020 e 2022, concomitante ao aumento do número de casos novos de COVID-19 no país. Nesse contexto, os efeitos cardioembólicos e trombogênicos do vírus, já evidenciados na literatura científica, reforçam a necessidade de mais pesquisa sobre o tema para maior correlação desses achados. Além disso, faz-se necessária maior atenção à prevenção desses eventos maiores nessa população, já tão frágil e suscetível, visto o acúmulo de fatores de risco e suas consequências.
Palavras Chaves
Acidente Vascular Encefálico; Idoso; COVID-19
Área
Tema Livre
Instituições
Hospital Municipal Miguel Couto - Rio de Janeiro - Brasil, Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
GUILHERME HOMEM DE CARVALHO ZONIS, Gabriel Isaac Correia, José Carlos Pizzolante Secco, Giovanna R. Di Paola Santos, Giovanna Zadra de Mattos