Dados do Trabalho
Título
RISCO DE FIBRILAÇAO ATRIAL EM LONGEVOS
Introdução
A Fibrilação Atrial (FA) é a arritmia com significância clínica mais prevalente e atinge cerca de 0,5% da população mundial, com estimativa de até 5 milhões de novos casos por ano. Acredita-se que a estatística mundial seja subestimada devido à dificuldade do registro eletrocardiográfico – realidade presente principalmente nas nações em desenvolvimento. Em nosso país, os dados populacionais são escassos e os estudos são heterogêneos. Entre 2% e 9% dos idosos brasileiros são portadores de FA. Até metade dos casos de FA apresenta-se sob forma subclínica e apenas um em cada quatro é flagrado pelo eletrocardiograma (ECG). Infelizmente, muitos diagnósticos ainda são feitos após o paciente apresentar um evento embólico, sendo o Acidente Vascular Cerebral (AVC) o mais comum e temido. O AVC associado à FA é mais agressivo e incapacitante, sendo que após os 75 anos quase metade dos casos é fatal.
Objetivos
Avaliar a prevalência de FA em idosos com 80 anos ou mais e estimar o risco presumido desses indivíduos apresentarem eventos embólicos caso sejam portadores da arritmia.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal epidemiológico, descritivo e analítico realizado com pacientes com 80 anos ou mais em acompanhamento no Ambulatório de Geriatria e Gerontologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM / UNIFESP). O risco de FA foi avaliado por um sistema automatizado (Stroke Risk Analysis - SRA) que utiliza a monitorização eletrocardiográfica de 60 minutos. Os participantes foram classificados como Risco Baixo (RB) ou Elevado (RE) de FAP ou FA manifesta (FAm), conforme o resultado do exame. Os dados clínicos e demográficos dos pacientes foram obtidos a partir de revisão de prontuário eletrônico. O risco presumido de embolia foi calculado pelos escores de CHADS2 e CHA2DS2-VASc.
Resultados
Foram avaliados 307 longevos, com idade média de 86,8 anos, sendo 237 (77,2%) mulheres. FAm estava presente em 16 (5,2%), RE em 131 (42,7%) e RB em 160 (52,1%) participantes. Cada ano de vida aumentou em 9% o risco de ser classificado como RE (p=0,002) e em 18% o risco de FAm (p=0,017). Escore de alto risco, considerando ≥ 2 no CHADS2 e ≥ 4 no CHA2DS2-VASc, foi identificado em 254 (82,7%) e em 247 (80,5%) participantes, respectivamente.
Conclusões
Nessa população de muito idosos, o risco de FAp foi elevado, assim como o risco presumido de embolia. Esses resultados corroboram com a importância da busca ativa pela FA, sendo o SRA um método promissor para essa finalidade.
Palavras Chaves
1. Fibrilação Atrial. 2. Idoso de 80 anos ou mais. 3. Octogenários. 4. Análise de risco. 5. Software. 6. Acidente Vascular Cerebral.
Área
Tema Livre
Autores
MARIANA BELLAGUARDA DE CASTRO SEPULVIDA, Egli Belinazzi Quadrado, Franciellen Bruschi Almonfrey, Flávia Veríssimo Melo E Silva, Clineu de Mello Almada Filho, Maysa Seabra Cendoroglo, Roberto Dischinger Miranda